Prof. Jorge Kalil é eleito presidente da IUIS

Prof. Jorge Kalil é eleito presidente da IUIS

Prof. Jorge Kalil é eleito presidente da IUIS

O professor Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP) e Professor Titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi eleito vice-presidente da IUIS (International Union of Immunology Societies) para o mandato 2013-2016. Pelo estatuto da entidade, Kalil assume a vice-presidência nesta gestão (2010-2013) e posteriormente a presidência da entidade. A eleição do pesquisador ocorreu durante o último congresso mundial de imunologia, ocorrido no final de agosto, em Kobe, no Japão.

A presidência da IUIS já foi ocupada por dois prêmios Nobel e o atual presidente, Stefan H.E. Kaufmann, é diretor do Instituto Max Planck, importante centro de pesquisas da Alemanha. Segundo Kalil é muito raro um cientista brasileiro ocupar cargos dessa magnitude em entidades de abrangência mundial como a IUIS. “A eleição será importante para dar visibilidade à ciência brasileira no cenário mundial, principalmente na área da imunologia”, afirma o professor.

A IUIS congrega 65 sociedades de imunologia e cinco federações continentais. A entidade é responsável pela padronização de métodos diagnósticos, protocolos de tratamentos e da nomenclatura utilizada na área da imunologia. Além disso, a IUIS organiza os congressos mundiais de imunologia que acontecem a cada três anos. O próximo será em Roma, Itália, quando o prof. Kalil assumirá a Presidência da entidade.

Em sua gestão, Kalil, que também coordena o Instituto de Investigação em Imunologia, um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (iii-INCT), pretende abrir caminhos para os pesquisadores brasileiros nas comissões e atividades realizadas pela IUIS. Como exemplo de ação, ele cita a indicação de cientistas brasileiros para editar o periódico científico que será lançado no início do ano que vem pela entidade.

Ciência de fronteira

A imunologia tem se destacado como uma das áreas mais promissoras em geração de ciência e tecnologia no palco das pesquisas médicas nos últimos anos. Isso porque, segundo o professor Kalil, cerca de metade das doenças conhecidas tem algum componente imunológico. Entre as mais prevalentes estão o diabetes tipo 1, a esclerose múltipla, o lupus, as artrites e a aterosclerose. São patologias em que o sistema imune reconhece estruturas do próprio corpo como agente estranho, passando a atacá-las como defesa. Em outras situações, como na aterosclerose, o processo inflamatório surgido na ação do sistema imune causa prejuízos funcionais e morfológicos irreversíveis ao organismo.
O conhecimento dos mecanismos de funcionamento do sistema imune tem possibilitado o desenvolvimento de novos medicamentos biológicos, como anticorpos contra o câncer e moléculas bloqueadores da inflamação utilizadas contra artrites.  Antes desses recentes avanços, o ataque dessas doenças ao organismo humano seguia praticamente impune, pois não existiam drogas capazes de combatê-las.

O Brasil se destaca na área principalmente pelas pesquisas em doenças tropicais, como Leishmaniose, Malária e Doença de Chagas, por exemplo. O avanço das pesquisas em Imunologia no país é importante não somente pelo conhecimento, mas também pode representar uma economia importante para o sistema de saúde brasileiro. Segundo professor Kalil, apenas 2% de remédios biológicos, desenvolvidos a partir das pesquisas imunológicas, é responsável por 40% dos gastos do SUS em remédios. O desenvolvimento de medicamentos a partir de pesquisas brasileiras diminuirá os custos dos tratamentos.

A comunidade científica brasileira voltada para a ciência e tecnologia na imunologia abarca um seleto grupo de não mais que 2.000 pesquisadores. Eles formam uma elite criativa numa área em que o máximo potencial de desenvolvimento sequer começou. O sistema imunológico humano é altamente complexo e redundante, diz Prof. Kalil. “São vários os sistemas que desempenham as mesmas funções no sistema imune. Descobrir o quando, como e onde cada uma dessas tarefas toma corpo é um trabalho cuja fronteira ainda não foi delimitada”.