Congresso da ASBAI divulga metas para o controle da asma

Congresso da ASBAI divulga metas para o controle da asma

  • Congresso reúne cerca de 1.500 especialistas e é considerado um dos mais bem sucedidos dos últimos anos
  • Médicos visam reduzir em 50% o número de hospitalizações de pacientes asmáticos até 2015
  • Especialistas alertam sobre os riscos da automedicação

Cerca de 1.500 congressistas, entre alergistas, pediatras, pneumologistas, dermatologistas, otorrinolaringologistas e gastroenterologistas participaram do XXXVIII Congresso Brasileiro de Alergia e Imunopatologia e 3º Simpósio Internacional sobre o Lactente Sibilante, promovidos pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI), entre os dias 19 e 22 de novembro, em Fortaleza, CE.

Durante o encontro, discutiu-se os desafios e as soluções para o diagnóstico das imunodeficiências primárias no Brasil; alergia ao leite de vaca,  várias facetas da imunoterapia; dermatite atópica, rinite alérgica, além do  monitoramento da criança alérgica. A asma foi um dos temas em destaque na programação. Dentre as doenças respiratórias, é a segunda maior causa de hospitalizações no país e, entre 1998 e 2003, a doença foi responsável por mais de 23.700 óbitos. Diante desta realidade, os especialistas decidiram apoiar a meta lançada pela GINA Brasil (Iniciativa Global Contra a Asma) para os próximos quatro anos: reduzir em 50% o número de internações. Para alcançar este ideal, os médicos se comprometeram em esforçar-se para a melhoria da prevenção, do diagnóstico, do controle e estímulo à pesquisa do tema, além de colaborar para a capacitação de profissionais da saúde.

Asma e obesidade

O diretor da ASBAI filial São Paulo, Dr. Marcelo Aun, explica que a obesidade é um fator de risco para a asma. Segundo o especialista, como o tratamento é feito à base de corticosteroides que geralmente alteram o peso do paciente, o acompanhamento desses casos deve ser feito pelo alergista em conjunto com o endocrinologista. “A obesidade aumenta as chances do indivíduo ter asma e, quando associadas, dificulta o tratamento”, esclarece Aun.

De acordo com as pesquisas, as mulheres e, em geral, as obesas, são as mais suscetíveis à asma.

Os especialistas alertam que a moléstia deveria ser incluída pelo Ministério da Saúde na lista das doenças consideradas grupos de risco para pessoas obesas, a exemplo das cardiovasculares, reumatológicas e o câncer.

Os riscos da automedicação

Um dos temas bastante discutido na programação científica foi a resposta diferenciada que cada paciente possui ao submeter-se a um determinado tratamento medicamentoso.

De acordo com o Dr. Nélson Rosário Filho, Diretor de Assuntos Internacionais da ASBAI, existe uma característica genética que determina se o paciente vai responder ou não e como o seu organismo reagirá a um determinado medicamento. “Ao observarmos essa resposta, poderemos avaliar se o paciente pode ou não receber aquele tipo de medicamento, se será sensível aos efeitos colaterais ou não”, afirma o especialista.

O médico alerta que nem todos os medicamentos utilizados para tratar as doenças alérgicas apresentam as exigências da prescrição médica, no entanto, possuem efeitos colaterais que podem levar o paciente a situações de extrema gravidade como, por exemplo, acidentes de trabalho. “Um operador de uma máquina que necessita estar sempre em estado de atenção, pode comprometer-se seriamente se estiver sob o efeito de um medicamento que lhe tire a concentração”, exemplifica. O médico ressalta que, em hipótese alguma, o paciente deve consumir o medicamento sem antes consultar o seu especialista.

Balanço positivo

O encontro, que contou com a participação de 40 convidados estrangeiros da Europa, Estados Unidos e da América Latina, foi considerado um dos congressos mais bem sucedidos dos últimos anos. “Tivemos um balanço excessivamente positivo. O nível científico foi elogiado com a participação intensa dos associados e de todos os expoentes da alergologia nacional assim como todas as instituições acadêmicas do país”, ressalta Dr. João Negreiros Tebyriçá, presidente da ASBAI.  

Outro ponto a destacar foi a participação dos Jovens Especialistas que integraram a programação científica de modo efetivo, quer apresentando atualização ampla de temas específicos quanto na sua participação na discussão de casos difíceis da especialidade. “Em todas as sessões em que eles estiveram presentes o público foi sempre muito significativo”, ressalta Dr. Dirceu Solé, Diretor Científico da ASBAI.

Além de todos os avanços apresentados em relação à imunoterapia, tema central do XXXVIII Congresso Brasileiro de Alergia e Imunopatologia, o 3º.Simpósio Internacional sobre o Lactente Sibilante, realizado paralelamente ao congresso, também apresentou balanço positivo. “As salas sempre lotadas refletiram o nível do programa científico, assim como na capacidade dos expositores nacionais e internacionais abordarem este tema tão importante para o especialista e para o médico generalista, pediatra ou não”, conclui Dr. Dirceu.

Sobre a ASBAI

A Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia existe desde 1946. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cujo objetivo é promover o estudo, a discussão e a divulgação de questões relacionadas à Alergologia e à Imunologia Clínica, além da concessão de Título de Especialista em Alergia e Imunologia Clínica a seus sócios, de acordo com convênio celebrado com a Associação Médica Brasileira.