Alergia a medicamentos: como identificar a reação em crianças
- Antinflamatórios são as principais causas de reações a medicamentos
- Sintomas vão de vermelhidão no corpo até anafilaxia
Embora os sintomas das alergias a medicamentos sejam semelhantes em crianças e adultos, com vermelhidão no corpo, algumas vezes acompanhadas de coceira, ou mesmo placas de urticária ou inchaço nos olhos, lábios etc., as reações a medicamentos são menos frequentes na infância quando comparadas à fase adulta. Outro aspecto que diferencia é que as mulheres são as mais acometidas e, na infância, não há predileção por gênero.
Alguns estudos sugerem que crianças de menor idade teriam maior risco para reações adversas a medicamentos, porém o nível de evidência não é alto.
São necessários mais estudos para avaliar esse dado. Em uma revisão recente da literatura, foi observada uma prevalência de autorrelato de reações a medicamentos em 10% de adultos contra 5,1% de crianças. Quando a investigação dessa prevalência foi realizada em unidades de saúde (pacientes internados e ambulatoriais), ela foi um pouco maior (7,1% em crianças), mas ainda menor quando comparada a dos adultos (16,8%). Entretanto, após uma investigação completa baseada na história clínica e testes diagnósticos, ambas as prevalências reduzem bastante, ou seja, a hipersensibilidade verdadeira é bem menor do que a autorreferida.
Medicamentos que mais causam alergias – Um estudo na América Latina que incluiu centros brasileiros mostra que os anti-inflamatórios foram as principais causas de reações a medicamentos, mesmo em crianças. Por isso, é importante tomar medicamentos somente com prescrição médica, mesmo que seja para tratamento de uma dor ou febre.
Assim como em adultos, os anti-inflamatórios e os antibióticos, especialmente os do grupo dos beta-lactâmicos (como penicilina, amoxicilina etc.), são os que mais desencadeiam reações alérgicas.
Felizmente, as reações graves são mais raras. As reações alérgicas a medicamentos são divididas em dois grupos: as que ocorrem rapidamente após o uso do medicamento (em minutos a poucas horas) e as que ocorrem após várias horas ou dias.
Entre as reações graves que ocorrem rapidamente, nós podemos citar a anafilaxia (o paciente apresenta além das alterações na pele, manifestações como falta de ar, chiado no peito, vômitos, palpitações, queda da pressão arterial, podendo inclusive evoluir para óbito). Entre as reações tardias, observamos manifestações cutâneas mais graves, como lesões bolhosas no corpo e acometimento de órgãos internos como fígado, rins etc. Muitas vezes, essas reações tardias são de difícil diagnóstico, pois o intervalo entre o início da medicação e dos sintomas é mais longo.
Como identificar a alergia ao antibiótico?
O primeiro passo é verificar se realmente a criança tem alergia a antibióticos. Isso é feito através de uma história clínica bem detalhada, buscando esclarecer quais foram os sinais e sintomas apresentados pela criança.
Muitas vezes, a criança apresenta manifestações cutâneas que foram desencadeadas por uma infecção e não pelo medicamento em si. A partir da história, os alergistas poderão indicar testes específicos para esclarecer o diagnóstico.
Esses testes podem ser realizados na pele ou mesmo oferecendo a medicação suspeita para confirmar ou afastar a alergia, o que é conhecido como teste de provocação oral. Sempre deve ser realizado por alergistas treinados em local apropriado para o tratamento de uma eventual reação adversa.
Após o diagnóstico preciso, pode-se receitar antibiótico mais indicado para aquela criança. Caso se confirme a alergia a um antibiótico, é possível indicar um antibiótico de outra classe que não faça reação cruzada com o anterior.