Quase 10% dos profissionais da Saúde têm alergia ao látex

Quase 10% dos profissionais da Saúde têm alergia ao látex

Quase 10% dos profissionais da Saúde têm alergia ao látex

  • Síndrome látex-fruta pode acometer de 30% a 50% dos indivíduos
  • Profissionais da área da Saúde e pacientes com múltiplas cirurgias são os mais acometidos

#congressoalergia2021

 

Extraído da hevea brasiliensis, mais conhecida como seringueira, o látex é um importante desencadeador de reações alérgicas. Nas décadas de 80 e 90, a alergia ao látex aumentou consideravelmente devido ao uso mais frequente de luvas feitas com esse material como proteção de doenças infecto contagiantes, entre elas o HIV.

Porém, nas últimas décadas, houve queda importante na prevalência por causa de medidas como o uso de luvas látex sem pó. No Brasil, não há dados epidemiológicos sobre a alergia ao látex, somente estudos em locais específicos (ex. Hospitais). O látex ainda representa uma importante causa de anafilaxia perioperatória e é relacionado com reações cruzadas com outros vegetais, e principalmente com frutas, no quadro conhecido como síndrome Látex-fruta.

Abaixo, o Dr. Alex Eustáquio de Lacerda  , especialista da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia – ASBAI e um dos palestrantes do 48º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia explica mais sobre alergia ao látex.

 

Temos estatísticas da alergia ao látex?

Na população geral, a prevalência atual de alergia a látex, com base em dados de estudos limitados, é de 4,3%, enquanto entre profissionais da área da Saúde é de 9,7% e pacientes suscetíveis (múltiplas cirurgias) é de 7,2%.

 

Atinge mais crianças ou adultos?

A alergia ao látex atinge, principalmente, dois grupos: profissionais da área da Saúde e pacientes com múltiplas cirurgias, principalmente crianças com mielomeningocele. Os adultos são mais acometidos, porém qualquer pessoa com exposição frequente à proteína do látex, principalmente a luvas, está sob maior risco.

O que ainda precisa ser feito no Brasil em relação à alergia ao látex? Por exemplo, são poucos os hospitais látex free, certo?

Alguns autores defendem que um ambiente totalmente livre do látex não é facilmente atingível, por isso a expressão que mais se utiliza hoje em dia são ambientes “látex-safe”, em que há maior redução possível da presença do látex. No Brasil, estes ambientes mais seguros são escassos e não disponíveis em todos os serviços hospitalares. Até mesmo orientações do momento cirúrgico, como pacientes com alergia ao látex serem alocados como a primeira cirurgia do dia, em muitas vezes não é seguida. É fundamental que haja a formação de comitês hospitalares multidisciplinares de látex para estabelecimento de programas institucionais rígidos associados à educação continuada para eliminação de exposições a alérgenos do látex.

Casos de anafilaxia devido ao látex ainda são frequentes?

A adoção de medidas de redução de exposição ao látex, principalmente com o uso de luvas com menor presença de proteínas (luvas sem pó), reduziu os casos de alergia ao látex, porém ainda existem casos de anafilaxia, principalmente de anafilaxia perioperatória causadas pelo látex. Em algumas populações, como paciente com mielomeningocele, o látex é a principal causa de anafilaxia perioperatória.

 

Quais as principais recomendações o Sr. pode deixar aos pacientes com esse tipo de alergia?

Pacientes que já possuem diagnóstico de alergia ao látex devem ser orientados quanto às medidas de prevenção secundária: identificação e informação da sua condição (ex. cartão de identificação, pulseira, bracelete), conhecimento sobre produtos que contêm látex e opções seguras, uso de luvas sem a presença do látex (ex. vinil, silicone, neoprene, nitrila ou poliuretano.), possuir documento médico com orientações de ambiente látex-safe, ter conhecimento da alta probabilidade de reação cruzada com alimentos, já que a síndrome látex -fruta pode acometer de 30% a 50% dos indivíduos.

Recomendações na alergia ao látex é um dos temas que será apresentado durante o 48º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, que acontece entre os dias 30 de outubro e 01 de novembro, no formato online. O evento é realizado pela ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e contará diversos especialistas internacionais e renomados especialistas brasileiros.

 

48º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia

Data: De 30/10 a 01/11

Inscrições: https://congressoalergia2021.com.br/inscricoes/

O evento será no formato online e é realizado pela Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia – ASBAI