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Blog 15 de agosto de 2018

Vacinação contra o sarampo e pacientes alérgicos

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmitida de forma direta por meio de secreções respiratórias. É extremamente contagiosa, mas que pode ser prevenida através da vacinação. As complicações infecciosas contribuem para a gravidade da doença, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.

Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo. Atualmente, o país enfrenta dois surtos de sarampo, em Roraima e Amazonas. Além disso, alguns casos isolados e relacionados à importação foram identificados em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rondônia e Rio de Janeiro. Segundo dados do Ministério da Saúde foram confirmados 822 casos no Brasil até 23/07/2018.

Os principais sinais e sintomas da doença são: febre alta, acima de 38,5°C cefaleia, exantema máculo-papular, que surge inicialmente no rosto e atrás das orelhas, e posteriormente tornam-se difusas. Sintomas como tosse, coriza, conjuntivite também são comuns. Manchas brancas que aparecem na mucosa bucal conhecida como sinal de Koplik, antecedem de 1 a 2 dias o aparecimento do exantema.

De acordo com os calendários de vacinação das sociedades brasileiras de Imunizações (SBIm) e de Pediatria (SBP), a vacinação rotineira para crianças deve ser realizada da seguinte forma: duas doses aos 12 e 15 meses de idade, podendo ser realizada com as vacinas tríplice viral ou tetra viral. Crianças, adolescentes e adultos que não receberam essas doses na infância e que não tiveram sarampo, devem ser vacinados a qualquer momento: duas doses com intervalo mínimo de 30 dias entre elas. A vacina tetra viral pode ser utilizada nos suscetíveis à varicela com até 12 anos. São considerados adequadamente vacinados aqueles que tiverem o registro de duas doses aplicadas a partir dos 12 meses de idade.

O sarampo confere proteção permanente, portanto, pessoas com histórico confirmado da doença não precisam se vacinar. Em caso de dúvidas, a vacinação está recomendada.

A prioridade do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é a vacinação de crianças, adolescentes e adultos até 49 anos de idade. Considerando a epidemiologia e o histórico de vacinação no país, entende-se que, vacinando 95% desta população, a proteção coletiva é capaz de eliminar o sarampo. Portanto, o Ministério da Saúde disponibiliza duas doses da vacina para todos com menos de 30 anos (até 29 anos de idade) e dose única para aqueles 30 a 49 anos.

Na rede pública, são utilizadas vacinas tríplices virais (sarampo, caxumba e rubéola) de três diferentes laboratórios. Na rede privada, estão disponíveis as vacinas tríplices virais (sarampo, caxumba e rubéola) e tetra virais (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) de dois fabricantes.

  • A vacina tríplice viral apresenta quantidades desprezíveis de proteína de ovo. Em muitos estudos, pessoas com alergia ao ovo, mesmo aquelas com hipersensibilidade grave, tiveram risco insignificante de reações anafiláticas. Portanto, não há contraindicação ao uso da vacina tríplice ou tetra viral em pacientes com história de alergia grave ao ovo. Testes cutâneos com a vacina não estão recomendados.

  • Em 2014 foram documentados alguns casos de crianças alérgicas ao leite que tiveram anafilaxia após receberem a vacina tríplice viral do fabricante Serum Institute of India. Após a investigação dos casos observou-se que a vacina continha traços de lactoalbumina na sua composição. A orientação do Ministério da Saúde naquele momento foi de que as crianças com APLV recebessem outra marca de vacina tríplice viral. Entendemos que pacientes com APLV grave não devem receber a vacina tríplice viral produzida pelo laboratório Serum Institute of India, uma vez que existe a possibilidade de uti
    lização da vacina de outros produtores sem a presença da lactoalbumina.

Pessoas com história de alergia grave após aplicação de dose anterior das vacinas ou a algum de seus componentes tem contraindicação de doses futuras até que o caso seja avaliado adequadamente pelo médico.

Devemos considerar a imunização passiva através da administração de imunoglobulina hiperimune se houver contraindicação da vacinação em indivíduos suscetíveis expostos à infecção há menos de seis dias, com o objetivo de prevenir ou reduzir complicações da doença. Sendo assim, a imunoglobulina está indicada para os contatos suscetíveis próximos e/ou domiciliares de pacientes com suspeita de sarampo. A sua administração deve ser considerada especialmente em crianças menores de seis meses, gestantes e indivíduos imunocomprometidos.

Pode-se dispensar a aplicação da imunoglobulina para os pacientes que façam uso rotineiro de imunoglobulina endovenosa (100 a 400 mg/kg de peso), se a última dose tiver sido aplicada dentro de três semanas antes da exposição.

Não existe tratamento específico para o sarampo. A vacinação é a melhor maneira de prevenir a doença.

  • Referências

Ministério da Saúde do Brasil. Saiba tudo sobre o sarampo. Acesso em 08/08/2018 em http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/sarampo

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica. 2. ed. Brasília, 2017.

Isabella Ballalai, Lessandra Michelin, Renato Kfouri. Sarampo: Diagnóstico, notificação e prevenção. Nota técnica conjunta Sarampo SBIm/ SPB de 16/07/2018. Acesso em 06/08/2018

Young MK, Nimmo GR, Cripps AW, Jones MA. Post-exposure passive immunisation for preventing measles. Cochrane Database of Systematic Reviews 2014, Issue 4. Art. No.: CD010056. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD010056.pub2/full#CD01 0056-bbs2-0051

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