Tudo o que você precisa saber sobre a vacina da COVID-19, as alergias e os defeitos imunológicos
Ainda há muitas dúvidas quando o assunto é a vacina da COVID-19 e os pacientes com alergias e erros inatos da imunidade (imunodeficiências). Com o objetivo de elucidar algumas dessas questões, a ASBAI responde abaixo as principais perguntas sobre o assunto.
1 – Tenho risco de sofrer uma anafilaxia ao tomar a vacina da COVID?
Se você tem histórico de anafilaxia a alguma vacina ou a algum componente das vacinas em uso, sim, esse risco existe. Importante frisar que: não se tem observado reações anafiláticas com as vacinas em uso no Brasil no momento; e pessoas com alergia respiratória, dermatite atópica ou alergia alimentar não são consideradas de risco para anafilaxia por vacinas, a não ser que apresentem reações a algum dos componentes destas vacinas. Se uma pessoa já tiver apresentado previamente um quadro de anafilaxia, particularmente causada por alguma outra vacina, é fundamental que converse com seu médico antes de receber as vacinas contra a COVID-19.
2- É melhor tomar um antialérgico antes ou depois de me vacinar contra a COVID?
O uso de antialérgico antes de tomar a vacina NÃO está indicado até o presente momento. Os antialérgicos não são capazes de prevenir uma reação grave e ainda podem mascarar os sintomas iniciais. O uso após a aplicação está indicado apenas em caso de ocorrer alguma reação de natureza alérgica. Lembramos que a maioria das reações a qualquer vacina são leves e não são de natureza alérgica.
3- A vacina pode mudar meu DNA?
Fake news! Essa possibilidade não existe. As vacinas que utilizam material genético do SARS-CoV-2 são compostas de RNA, ou seja, não entram no núcleo das células, onde nosso DNA fica “guardado”. O material genético da vacina permanece no citoplasma da célula, em uma organela que vai produzir a proteína que é codificada pelo RNA. Essa proteína, semelhante à uma proteína do vírus, será então produzida por nossas células e vai estimular uma resposta do nosso sistema imunológico. Como se trata apenas de uma proteína que representa um pedaço do vírus e não o vírus inteiro, tampouco há risco de causar uma infecção.
4- A vacina é segura mesmo sendo produzida em tão pouco tempo?
A Medicina avançou muito nas últimas décadas. Apesar da rapidez, nenhuma das etapas ou regras de segurança no desenvolvimento e estudo das vacinas deixou de ser cumprida. Muitas dúvidas restam, como por exemplo, por quanto tempo as vacinas são eficazes, mas são dúvidas que não comprometem a segurança.
5- Não preciso mais usar máscara por que estou vacinado?
Ainda não sabemos se as vacinas em uso impedem que as pessoas se infectem. Sabemos que protegem muito bem contra a doença grave causada pelo SARS-CoV-2. Por isso, medidas de distanciamento social, uso de máscaras e higiene de mãos NÃO podem ser abandonadas, pois ainda que vacinados, existe a possibilidade de que possamos transmitir a doença a pessoas não vacinadas. É preciso que mais de 70% da população esteja vacinada para que a circulação do vírus diminua e se possa ‘relaxar’ em outras medidas.
6- Pessoas com imunodeficiências podem se vacinar?
Podem sim. Não sabemos se todos irão responder bem, pois depende do tipo de defeito imunológico, mas as vacinas são seguras para essas pessoas.
7- É preciso receber as duas doses da vacina? Por quê?
Os estudos iniciais foram feitos, exceto no caso da vacina da Jansen, com duas doses. Portanto, a eficácia foi estabelecida utilizando duas doses, como ocorre com muitas outras vacinas. A resposta imunológica é mais forte e mais persistente para algumas vacinas quando aplicadas mais de uma vez. No entanto, alguns estudos já estão sendo realizados e demonstram que uma dose apenas de algumas vacinas pode ser suficiente para dar proteção adequada. No entanto, até que isso esteja estabelecido, é fundamental respeitar o regime de doses preconizados pelos fabricantes e pelo Programa Nacional de Imunizações do Brasil.
8- Pessoas que tomam imunoglobulina podem ser vacinadas?
Sabemos que o uso de imunoglobulina humana pode atrapalhar a resposta às vacinas. No entanto, é seguro tomar a vacina e, diante da pandemia que vivenciamos, a indicação é que as vacinas sejam aplicadas mesmo que não tenhamos certeza se a resposta imunológica será ótima.
9- Tenho alergia grave a ovo e leite e, por isso, não devo me vacinar?
Não há qualquer evidência ou relato de que alguma das vacinas contra a COVID-19 cause reações graves em pacientes com alergia alimentar.
10 – Essas vacinas, por serem muito novas, podem causar outras doenças em médio e longo prazo?
Reações graves a vacinas existem, mas são raras. Nenhum tipo de efeito adverso grave foi observado até o momento que contraindique a aplicação das vacinas contra COVID-19. O benefício delas supera em muito os riscos.
11 – E se eu estiver com COVID-19 sem saber e tomar a vacina, ela vai funcionar ou piorar o quadro?
Não observamos até o momento nenhum efeito grave nesse sentido.
12 – Essa vacina pode causar sintomas leves de gripe?
As vacinas não são de vírus vivo. Portanto, não podem causar COVID-19. No entanto, a resposta imunológica a qualquer vacina pode ser responsável por alguns sintomas, ainda que leves, como mal estar, dor de cabeça, dor no local da aplicação.
13 – A vacina vai me deixar imune ou só me defender das formas graves da covid-19?
Os estudos têm demonstrado que as vacinas são bastante eficientes para proteger contra as formas graves da doença e que previnem em menor percentual as formas leves.
14 – Mesmo tomando a vacina eu ainda posso contrair o vírus e infectar as pessoas, correto?
Sim. Ainda não se evidenciou que as vacinas sejam capazes de evitar a infecção pelo vírus, mas sim são capazes de prevenir o adoecimento, particularmente, as formas graves. Nenhuma das medidas de distanciamento, uso de máscara ou higiene devem ser suspensas após receber a vacina ou ter tido a doença.
15- Por quanto tempo as vacinas protegem contra a COVID-19?
Ainda não sabemos, infelizmente. E é preciso considerar que novas cepas estão surgindo. Até o momento, as vacinas se mantêm eficazes contra elas. É fundamental que a vacinação seja feita na maioria da população o mais brevemente possível para reduzir ou até interromper a circulação do vírus e, por conseguinte, o aparecimento de novas cepas.