As diretrizes para o tratamento de doenças, incluindo a urticária, são recomendações feitas por especialistas com base no que existe de mais atual em termos de evidências científicas. Isso quer dizer que quanto mais estudos de boa qualidade existirem com determinado tratamento, mais fortes são as evidências. Dessa forma, é possível definir quais são os tratamentos que devem ser utilizados, e quais são aqueles com poucas chances de promover alguma melhora.
Na versão mais recente das diretrizes, revista no final de 2016 e que será publicada em breve, os anti-histamínicos modernos de 2a geração continuam sendo a primeira escolha de tratamento. Sugere-se ainda que não se utilize anti-histamínicos antigos, de primeira geração, por causa de seus potenciais efeitos colaterais.
Como segunda linha de tratamento, para aqueles pacientes que não respondem aos anti-histamínicos, mesmo em doses altas, é recomendado o tratamento com o omalizumabe. O omalizumabe apresenta uma eficácia superior a 80% nestes casos, com pouquíssimos efeitos colaterais. Já a ciclosporina é recomendada para aqueles pacientes que não respondem ou não têm acesso ao omalizumabe, com o inconveniente de um risco maior de efeitos colaterais (embora transitórios e que podem ser controlados) e eficácia um pouco inferior ao omalizumabe.
As diretrizes não recomendam nenhum outro tratamento para a urticária, a não ser quando nenhum dos três anteriores funcionam. Os antileucotrienos, anti-histamínicos-H2 (protetores gástricos), antidepressivos, dapsona, entre outros, são algumas dessas medicações que não devem ser utilizadas rotineiramente, mas apenas quando não existe nenhuma outra opção eficaz. Existe ainda uma forte recomendação para não se utilizar corticoides no tratamento da urticaria crônica, por causa dos seus graves efeitos colaterais em longo prazo. Seu uso é restrito apenas em períodos curtos, nas exacerbações.
Seguir as diretrizes significa contar com as melhores e mais seguras opções para o tratamento da urticária, sempre visando o controle total da doença. O tratamento deve ser mantido até que a urticária entre em remissão, e as medicações não sejam mais necessárias.
O artigo é de autoria do Departamento Científico de Urticária e Angioedema da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.