Reações alérgicas cruzadas: especialista esclarece as dúvidas
Você já ouviu falar em reação alérgica cruzada em alergia alimentar? É a resposta alérgica a fontes distintas (como, por exemplo, o látex e o kiwi) devido à presença de componentes estruturais muitos semelhantes nas duas ou mais fontes e que, por isso, são reconhecidos como iguais pelo sistema imunológico. É possível observar reatividade cruzada entre fontes relacionadas (como, por exemplo, entre leite de vaca e cabra) ou fontes filogeneticamente distantes (camarão e ácaro).
A Dra. Lucila Camargo, especialista da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), explica sobre esse tipo de alergia na entrevista abaixo. O Tema “Alérgenos alimentares e reatividade cruzada: como orientar a dieta” está na grade científica do 46º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, que este ano acontece na cidade de Florianópolis (SC), entre os dias 25 e 28 de setembro, que tem como tema central “A Medicina Translacional nas Doenças Alérgicas”.
Quais as reações alérgicas cruzadas mais comuns?
Dra. Lucila – Certamente as reações cruzadas entre fontes próximas são as mais comuns como, por exemplo, entre os leites de mamíferos e entre os ovos de diferentes espécies, mas existem outras síndromes clínicas que são importantes (látex-frutas, pólen-frutas, gato-porco, reação cruzada entre ácaros e crustáceos e etc.). No estudo PROAL II, a tropomiosina foi o componente alergênico marcador de reação cruzada com maior taxa de sensibilização em nosso país. É o componente responsável por reatividade cruzada entre ácaros, crustáceos e baratas.
Como é feito o tratamento?
Dra. Lucila – O tratamento é igual a qualquer outra alergia. Deve-se evitar a exposição ao alérgeno desencadeador de sintomas e prescrever medicamentos para o caso de contato/ingestão acidental. O diferente ao conduzir estes pacientes é pensar na possibilidade de reação cruzada, alertar o paciente, proceder a investigação e excluir as fontes alergênicas cruzadas caso estas causem sintomas. No caso da sensibilização para o látex já é indicativo evitar o contato.
É difícil o diagnóstico de uma reação alérgica alimentar cruzada?
Dra. Lucila – Exames auxiliares, como a pesquisa de sensibilização a componentes marcadores de reação cruzada, facilitam muito a investigação diagnóstica após uma anamnese rigorosa. A reatividade pode ser apenas sorológica, ou seja, só sensibilização a fontes cruzadas (teste alérgico positivo, mas ausência de sintomas) ou ter manifestação alérgica associada às fontes envolvidas. Na dúvida se é alergia ou sensibilização, sempre recorrer ao teste de provocação em ambiente adequado, realizado por especialistas experientes, para ter certeza.
Esse tipo de reação vem aumentando?
Dra. Lucila – Não dispomos de dados conclusivos a respeito, mas na prática clínica temos observado, cada vez mais, alergias a alimentos como amendoim (leguminosa) e castanhas, que eram incomuns no Brasil e que podem ter reatividade cruzada entre si e com pólens. É preciso estar alerta em um mundo cada vez mais globalizado, onde as pessoas circulam e podem se sensibilizar as mais diferentes fontes.
A reação pode ser grave, chegando à anafilaxia?
Dra. Lucila – Sim, todas as manifestações alérgicas são possíveis: sintomas cutâneos, orais ou gastrointestinais, respiratórios e até anafilaxia.
46º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia
Data: de 25 a 28 de setembro
Local: Centro de Convenções Centro Sul – Florianópolis – Santa Catarina
Horário: Das 8 às 18 horas
Programação: http://bit.ly/ProgramaçãoCongressoASBAI
Inscrições: http://bit.ly/inscricoesASBAI
Credenciamento de Imprensa: imprensa@gengibrecomunicacao.com.br