Poluição doméstica causa até 4,3 milhões de mortes prematuras por ano
Estudo mostra que a poluição intradomiciliar afeta cerca de 2,5 bilhões de pessoas nos países em desenvolvimento
Um estudo divulgado recentemente mostrou que a poluição do ar doméstico afeta cerca de 2,5 bilhões de pessoas em países em desenvolvimento, causando comorbidades e mortes. Confira os principais destaques da pesquisa, que contou com a participação de membros da ASBAI:
O cigarro é um poluente muito conhecido, mas o estudo aponta outros poluentes intradomiciliares muito noviços à saúde.
A poluição do ar interno abrange diversos contaminantes, que podem ser classificados como biológicos e não biológicos:
Não biológicos: Poluição do ar doméstico (HAP), resultante do cozimento com combustíveis poluentes (“sujos”), que incluem carvão, querosene e biomassa (madeira, carvão vegetal, resíduos de colheitas e esterco animal).
Poluentes químicos do ar, como gases, material particulado, formaldeído e compostos orgânicos voláteis (VOCs).
Biológicos: alérgenos, principalmente ácaros da poeira doméstica, bem como insetos, pólen, fontes animais, fungos e endotoxinas bacterianas.
Esses poluentes podem ser considerados tão prejudiciais quanto o cigarro?
São considerados um problema de saúde ambiental global.
O estudo mostrou que a poluição do ar doméstico afeta cerca de 2,5 bilhões de pessoas em países em desenvolvimento, causando comorbidades e mortes.
Esse tipo de poluição causa entre 2,8 e 4,3 milhões de mortes prematuras a cada ano, equivalente a 7,7% da mortalidade global, o que representa um impacto superior ao da malária, tuberculose e HIV/AIDS somadas.
Dentro desse estudo de poluentes intradomiciliares, as crianças são as mais afetadas.
Dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a poluição do ar tem um impacto amplo e terrível na saúde e na sobrevivência das crianças. Uma em cada quatro mortes de crianças menores de cinco anos está direta ou indiretamente relacionada aos riscos ambientais. Tanto a poluição do ar ambiente quanto a doméstica contribuem para as infecções do trato respiratório, que em 2016 causaram 543 mil mortes de crianças menores de cinco anos relacionadas a riscos ambientais.
As crianças são significativamente afetadas pelo impacto do meio ambiente devido a: imaturidade biológica; desenvolvimento pulmonar pré-natal e pós-natal; maior expectativa de vida; e não tendo capacidade de tomada de decisão sobre questões ambientais.
Em contrapartida, nos adultos, a poluição do ar tem sido fortemente associada a um risco aumentado de mortalidade por doenças cardiovasculares, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e hospitalização por insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão.
Gestantes, que convivem com esses poluentes, podem colocar seus bebês em risco.
Há risco de alterar o desenvolvimento pulmonar fetal, com perda de função pulmonar e risco de desenvolver doença respiratória, como a asma. Houve também aumento do risco de eczema e sensibilização alérgica.
O estudo também levantou dados sobre a relação entre a poluição e a covid-19.
A poluição do ar é um importante fator de risco e contribui para as principais doenças crônicas que aumentam a gravidade e o risco de morte por COVID-19. Altos níveis de poluição do ar afetam as defesas naturais do corpo contra os vírus transportados pelo ar, tornando as pessoas mais suscetíveis a contrair doenças virais, e é provável que isso também seja verdade para o SARS-CoV-2.
O que precisa ser feito para minimizar o impacto da poluição intradomiciliar?
A classe médica pode contribuir com a sociedades a respeito da poluição intradomiciliar. Entre algumas recomendações, estão:
Esteja informado: Entenda a poluição do ar como fator de risco para as pessoas; identificar as fontes de exposição ambiental nas comunidades onde atuam.
Reconheça condições médicas associadas ou relacionadas à exposição: Um profissional de saúde pode identificar fatores de risco relacionados à poluição do ar fazendo perguntas pertinentes sobre o ambiente onde seus pacientes vivem ou trabalham.
Prescreva soluções e eduque famílias e comunidades: Para problemas relacionados à poluição do ar, como o consumo de combustíveis e aparelhos que consomem menos energia, os profissionais de saúde podem desempenhar um papel orientador.
Treine outras pessoas no campo da saúde e da educação: Os profissionais de saúde podem e devem aumentar o alcance de suas mensagens sobre os riscos da poluição do ar à saúde e as estratégias para reduzi-los. Eles podem envolver seus colegas em seus locais de trabalho, nos centros de saúde locais, em conferências e em associações profissionais. Também podem apoiar a inclusão da saúde ambiental das crianças no currículo de instituições de ensino fundamental e superior, especialmente, em escolas de medicina e enfermagem.
Aconselhar sobre soluções para representantes políticos e líderes de outros setores: Os profissionais de saúde estão bem posicionados para compartilhar seus conhecimentos com os tomadores de decisão, incluindo membros de governos locais e conselhos escolares, e com outros líderes comunitários. Os profissionais de saúde podem transmitir fielmente aos líderes os problemas de saúde causados pela poluição do ar, apoiar melhores padrões e políticas para reduzir a exposição prejudicial, defender o monitoramento e enfatizar a necessidade de proteger as pessoas vulneráveis.