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Alergia a Medicamentos 16 de julho de 2015

Alergia a Medicamentos: Perguntas e respostas

Perguntas e Respostas para o Site da ASBAI
Grupo de Assessoria em Alergia a Medicamentos

1. Serei submetido a uma cirurgia com anestesia geral. Como saber se sou alérgico a algum medicamento antes da cirurgia?
O melhor método para diagnosticar alergia a algum medicamento é através da história do paciente. A partir da história, podemos indicar a realização de testes alérgicos na pele e no sangue para esclarecer melhor a reação. Estes testes são válidos apenas nos pacientes com história prévia de reação. Caso o paciente nunca tenha apresentado reação alérgica a medicamentos, não há indicação de investigação adicional.

2. Tenho alergia a camarão e preciso fazer um exame de tomografia computadorizada com contraste iodado. Qual é o risco de uma reação adversa durante a realização deste exame?
O principal fator de risco para uma reação adversa ao contraste iodado é a história prévia de uma reação ao contraste. A alergia ao camarão está relacionada às proteínas do camarão e não ao iodo. Por outro lado, as reações ao contraste dependem da molécula e da osmolaridade dos contrastes. Atualmente, os exames de imagem são realizados com contrastes de menor osmolaridade, reduzindo o risco de reações adversas.

3. Nunca tive nenhuma alergia. Há pouco tempo, tomei um comprimido de dipirona e fiquei todo empolado, com placas vermelhas no corpo. Em outro dia, tomei diclofenaco e fiquei ainda pior, com inchaço nos olhos e boca, além das placas. Existe algum anti-inflamatório que eu possa tomar?
Esta história é bastante sugestiva de uma reação de hipersensibilidade aos anti-inflamatórios. Eles podem fazer reação cruzada, ou seja, uma vez que o paciente apresente estes sintomas com algum deles, poderá fazer com outro. Assim, deve evitar todos os anti-inflamatórios não esteroidais. O paracetamol é um anti-inflamatório “fraco” e, em dose baixa (máximo de 500mg), pode ser uma alternativa. Caso o paciente apresente sintomas também com o paracetamol, deve procurar um alergista para investigar melhor a reação. O paciente deve manter uma lista com os nomes dos anti-inflamatórios para consultar sempre que for tomar um medicamento novo, em especial os antigripais.

4. Preciso fazer um procedimento odontológico, mas antes gostaria de fazer um teste com anestésicos. Na última vez que fui ao dentista, tive uma sensação de mal-estar, formigamento nas mãos e quase desmaiei. Onde posso fazer este teste? É seguro?
Os anestésicos locais podem causar vários tipos de reações, incluindo reações vagais, tóxicas, superdosagem e reações alérgicas. As reações alérgicas são raras e o seu relato não sugere reação alérgica. De qualquer forma, existem testes cutâneos e de provocação para investigar alergia aos anestésicos. Estes testes são seguros, mas devem ser realizados por alergistas treinados, em ambiente com suporte para tratamento de uma eventual reação grave.

5. Meu filho é alérgico a vários antibióticos. Quando ele tinha 2 anos, usou amoxicilina para tratar uma amigdalite e depois de 5 dias de tratamento, ficou com o corpo todo vermelho. Depois, aos 4 anos, dei azitromicina para tratar uma sinusite e ele ficou com a pele “grossa” e coçando. Fico preocupada porque estamos ficando com poucas alternativas de antibiótico. O que eu faço?
Há diversas causas de exantema (vermelhidão) nas crianças, e entre elas, as reações de hipersensibilidade aos medicamentos, em especial os antibióticos. Entretanto, as infecções virais e bacterianas também podem levar a quadros semelhantes ao apresentado pelo seu filho. O diagnóstico de alergia a antibióticos, principalmente quando envolve mais de uma classe, dificulta o tratamento de diversas infecções. O ideal seria realizar uma investigação mais extensa através de exames de sangue, na pele e até um teste de provocação, objetivando esclarecer melhor o diagnóstico do seu filho.

6. Soube que existem exames de sangue para investigar alergia a medicamentos. Qual é a validade destes exames?
Existem exames de sangue para um pequeno número de medicamentos, entre eles, penicilina, amoxicilina, ampicilina, cefaclor, insulina e succinilcolina. De qualquer forma, estes exames têm validade apenas em casos de suspeita de alergia do tipo imediato, ou seja, quando o paciente apresenta reações como urticária, angioedema (inchaço), anafilaxia, em até 1 hora após a administração do medicamento. Além disso, a sensibilidade deles é baixa, isto quer dizer que um exame negativo não exclui a possibilidade de alergia.

7. Estou grávida e um exame de sangue no pré-natal detectou sífilis. O problema é que sou alérgica à penicilina e minha médica falou que este é o único medicamento que impede a transmissão da sífilis para o meu bebê. Como posso fazer para tratar a sífilis e evitar a doença no meu filho?
Sua médica está correta ao dizer que o único medicamento eficaz para a prevenção da sífilis neonatal é a penicilina. Nos casos de alergia à penicilina, a conduta preconizada é realizar uma investigação detalhada através da história, testes cutâneos e laboratoriais e, por último, uma provocação com a penicilina na forma oral. Se os testes forem negativos, você poderá ser tratada com a penicilina benzatina nas doses habituais. Caso algum teste seja positivo, a alergia será confirmada e você deverá ser submetida a um procedimento de dessensibilização.  Este procedimento é o modo mais seguro de tratar você e o seu filho, mas deve ser realizado por alergistas treinados, em ambiente hospitalar.

8. Fui submetida a uma cirurgia ortopédica, mas logo no início, o anestesista teve que interromper o procedimento, pois apresentei queda da pressão, além de inchaço nos olhos e placas vermelhas no rosto e corpo. Preciso da cirurgia, mas estou com medo, pois não sabemos o que causou a alergia. Como proceder?
A sua descrição sugere uma reação alérgica grave, potencialmente fatal, conhecida como anafilaxia perioperatória. Várias substâncias utilizadas no ato cirúrgico podem causar este tipo de reação como, por exemplo, os relaxantes neuromusculares, os anestésicos gerais, o látex, os antibióticos, os opioides, entre outros. Nestes casos, o alergista deverá fazer uma investigação extensa através da análise da ficha anestésica. Esta ficha contém todos os medicament
os que foram utilizados na cirurgia. Além disso, serão colhidas informações a respeito do tipo de manifestação clínica apresentada, momento da reação e tratamento realizado. Após a coleta destes dados, será possível direcionar a realização de exames mais específicos como testes cutâneos, laboratoriais e até provocação com os medicamentos suspeitos.

9. Tenho câncer de intestino e estou fazendo quimioterapia há 3 meses. Na penúltima sessão, fiquei vermelho, com coceira na garganta, falta de ar, chiado e uma sensação de aperto no peito. Fui tratado, mas não consegui terminar a infusão. Depois, na outra sessão, meu médico prescreveu medicamentos antialérgicos antes da infusão, mas mesmo assim, apresentei os mesmos sintomas. O oncologista falou que o quimioterápico alternativo é menos eficaz que o atual e sugeriu uma dessensibilização. O que é isto?
A dessensibilização é um procedimento médico que pode ser indicado para pacientes alérgicos a determinado medicamento, sem outra alternativa terapêutica, ou quando a opção de tratamento é bem inferior em termos de eficácia. É uma forma mais segura de oferecer a medicação, mas não é isenta de risco e, portanto, deve ser realizada somente em ambiente hospitalar por alergistas treinados. Além disso, induz uma tolerância temporária, ou seja, deve ser repetida a cada nova administração do medicamento.   

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