Vacina e anafilaxia: conheça a segurança dos imunizantes para alérgicos

Vacina e anafilaxia: conheça a segurança dos imunizantes para alérgicos

O Departamento Científico de Anafilaxia, da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), responde às principais dúvidas sobre a segurança das vacinas existentes hoje no Brasil.

Anafilaxia – Esteja Ciente, Esteja Preparado, Salve Vidas é o tema da Semana Mundial da Alergia, que acontece de 13 a 19 de junho, organizada pela WAO – Organização Mundial da Alergia e replicada pelas sociedades médicas associadas em todo o mundo. No Brasil, a ASBAI é a responsável pela campanha.

 

  • As vacinas que temos atualmente no Brasil são seguras?

Sim, são seguras. Em raros casos podem causar doença ou evento adverso pós-vacinação (EAPV). Um estudo de 2005 mostrou que dos eventos adversos com reação sistêmica apenas 13,4% correspondiam a reações de hipersensibilidade, ou alegria propriamente dita, sendo que o quadro mais temido, que é a reação anafilática, é estimada que ocorra 1 por 10.000 a 1 por 1.000.000 de doses das vacinas mais comumente aplicadas.

 

  • Alguma vacina pode provocar anafilaxia?

Toda vacina tem potencial de causar uma reação de hipersensibilidade (alérgica), que pode ocorrer, principalmente, por seus componentes estabilizadores como gelatinas, meios de cultivo dos organismos como proteínas alimentares, antibióticos, preservativos, entre outros, e de maneira menos incomum pelo componente ativo da vacina. Porém, esse tipo de evento vacinal é raro, ficando em torno de 0,65 a 1,53 por milhão de doses aplicada.

 

  • Quem é alérgico a ovo pode se vacinar?

Algumas vacinas são derivadas de material de ovo embrionado, sendo algumas delas cultivadas em fibroblasto de frango, como de sarampo ou SCR, e, portanto, com uma quantidade desprezível de proteína do ovo. Sendo assim, pode ser administrada com segurança para os pacientes alérgicos a ovo.

Já as vacinas de gripe, podem conter uma quantidade maior de ovo, devido a seu cultivo, em fluidos de ovos embrionado de galinha. Porém, hoje em dia, as comercialmente disponíveis costumam ter uma quantidade menor, e podem ser administradas aos pacientes alérgicos com segurança. Aqueles que apresentam quadros anafiláticos graves devem receber a vacina ficando 30 minutos em observação.

No caso da vacina de febre amarela, que contém uma quantidade maior de proteína do ovo, por ser cultivada diretamente em ovos embrionados da galinha, devem ser avaliadas individualmente pelo especialista, podendo ainda sim ser administrada após testes com a vacina negativo ou na forma de doses crescentes e supervisionaras fazendo o sistema imune tolerar, quando o benefício para o indivíduo superar os riscos da vacinação, levando em conta se ele morar ou circular com frequência em áreas endêmicas. Ainda assim, nesses casos, a vacinação deve ser sempre realizada por alergistas especialistas e em ambientes apropriados para tratar uma possível reação.

 

  • E quem é alérgico ao leite, pode?

Para algumas vacinas que podem conter a proteína do leite de vaca como estabilizador, vai depender do perfil de sensibilização e do limiar de alergia à proteína do leite de vaca de cada alérgico. A vacina acelular de difteria, tétano e coqueluche pode usar quantidade mínima de caseína bovina.

Em 2014, algumas fabricações (da Índia) de vacina tríplice viral apresentaram traços de alfalactoalbumina (proteína do soro do leite). Ainda assim é importante sempre comunicar a possibilidade de reação ao local aplicador da vacina e se certificar da leitura da bula com todos os componentes da vacina. O movimento “Põe no Rótulo” tem lutado para que os rótulos de medicamentos apresentem de maneira clara os principais alérgenos para facilitar a identificação desses componentes. Nesse caso, a vacinação está indicada com fabricantes que não tenham o componente na sua preparação.

  • A vacina da COVID pode causar anafilaxia?

Na maioria das vacinas contra a covid-19 não há a presença de componentes classicamente relacionados à reação vacinal, porém o polietilenoglicol (PEG) foi descrito como um agente raro de anafilaxia e por um componente amplamente utilizado em vários produtos da indústria de cosméticos, medicamentos e alimentícia, sendo apontado como o provável suspeito das vacinas que o contém (aqui no Brasil, ele está contido na vacina recém aprovada da Pfizer-Biontech).

Algumas vacinas utilizam o hidróxido de alumínio como adjuvante, como é o caso da Coronavac, amplamente utilizada na vacinação do País, porém é um componente mais raro ainda de reação anafilática.

Os casos de anafilaxia são raros. Um estudo americano mostrou, em dezembro de 2020, seis casos em mais de 500 mil doses aplicadas, sendo reconhecidos e tratados imediatamente. Portanto, até o momento, sem relato de mortes por quadro anafilático durante vacinação.

  • Existe alguma contraindicação para vacinas?

As contraindicações para receber a vacina são, principalmente, reação de hipersensibilidade já conhecida por algum componente da vacina. Ainda assim, em alguns casos no qual a reação é alimentar e não tem outra substituição sem o componente suspeito, é possível fazer temporariamente o sistema imunológico tolerar a vacina em doses crescentes e supervisionado por uma equipe especializada e treinada até chegar na dose total da vacina. Outras contraindicações gerais são: indivíduos imunossuprimidos receberem vacinas de bactérias ou vírus vivo atenuado. Algumas vacinas são contraindicadas para grávidas e indivíduos que recebem doses altas de corticoide.

  • A orientação é sempre se vacinar?

Sim, sempre que possível. O esforço é em prol da vacinação sempre levando em consideração a história prévia de cada indivíduo e o risco/ benefício de cada situação. Vacinas salvam vidas e quando grande parte da população está vacinada, ajuda, indiretamente, a proteger aqueles que não podem se vacinar, reduzindo a circulação de vírus e bactérias que podem ser contagiosos e letais.