Urticária crônica: mudanças no diagnóstico e tratamento
Congresso vai debater sobre as novas diretrizes e novidades no diagnóstico
Recentemente, foram divulgadas as novas diretrizes para o tratamento da urticária crônica. Resultado do Consenso Mundial de Urticária, a principal mudança é o uso de uma medicação imunobiológica, o anticorpo monoclonal anti-IgE, como única terapia na terceira linha de tratamento nos casos que não responderam a doses até quatro vezes as recomendadas em bula dos anti-histamínicos de segunda geração, ou seja, dos medicamentos antialérgicos.
Nas diretrizes anteriores, nesse caso, além do anticorpo monoclonal, se recomendavam outras opções tais como os medicamentos anti-leucotrienos ou a ciclosporina, um agente imunossupressor utilizado também em transplantados.
“A partir de agora, o uso da ciclosporina está reservado para casos que não respondem após seis meses de tratamento com o anticorpo monoclonal anti-IgE. Por outro lado, os medicamentos anti-leucotrienos não são mais recomendados para o tratamento da urticária crônica”, explica o especialista Régis de Albuquerque Campos, que será palestrante sobre o tema “Urticária Crônica – Avanços”, durante o 45º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, em Recife.
O que é urticária crônica – a doença se divide em espontânea e induzida. A urticária crônica espontânea pode ser de causas conhecidas, tal como a autoimunidade ou causas não conhecidas.
Já as induzidas são aquelas que surgem após alguns estímulos físicos tais como o frio, a pressão, o calor e a fricção na pele ou após aumento da temperatura corporal seguindo a realização de exercícios físicos, ou seja, a urticária colinérgica.
Não se sabe exatamente o percentual da população brasileira portadora de urticária crônica, mas a frequência mundial varia de 0,5% a 1% da população.
O Consenso traz ainda novidades no diagnóstico. Não existe a necessidade de um número significativo de exames laboratoriais enfatizando as características clínicas da doença. “Nas urticárias crônicas induzidas é precioso realizar testes de provocação padronizados para cada subtipo. O tratamento deve ser feito de modo contínuo com uso de anti-histamínicos de segunda geração que não induzem o sono e, portanto, não interferem ainda mais na qualidade de vida dos pacientes”, explica Dr. Campos.
Todos pacientes devem ser seguidos com uso de questionários padronizados para verificação da atividade e grau de controle da urticária, além da qualidade de vida do paciente.
Sintomas – Aparecimento de placas vermelhas em qualquer região da pele, com bastante coceira e que desaparecem sem deixar cicatrizes. A duração da urticária crônica é acima de seis semanas de sintomas diários ou quase diários.
Na urticária crônica espontânea e na urticária crônica induzida, os sintomas irão durar enquanto o estímulo indutor estiver presente.
“Muito importante lembrar que cada lesão individual tende a durar menos de 24 horas e uma duração superior a essa, juntamente com a presença de lesões residuais, indica outra condição, que é diferente da urticária crônica”, sinaliza o especialista.
Em muitos casos, além das lesões na pele, podem existir inchaços que afetam, principalmente, os lábios e as pálpebras. Esses inchaços são menos frequentes que as placas, mas podem durar mais que 24 horas se não houver tratamento adequado. “São chamados de angioedema e, muitas vezes, indicam que a urticária crônica terá uma duração maior. Em média, os indivíduos afetados têm a doença por cinco anos, mas em torno da metade deles o quadro desaparece em seis meses, porém existem casos que podem durar mais de 10 anos”, explica Dr. Campos. Outro aspecto importante é a ausência de sintomas sistêmicos como febre, dores articulares e mal-estar geral que indicam outras condições.
“Alergia e Imunologia na Era da Medicina de Precisão” é o tema central do 45º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, organizado pela ASBAI.
45º. Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia
Alergia e Imunologia na Era da Precisão
Data: de 20 a 23 de outubro