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Asma 27 de fevereiro de 2025

Obesidade pode desencadear asma

Obesidade pode desencadear asma

04/03 – Dia Mundial da Obesidade

Estudos sugerem que a ação pró-inflamatória do tecido adiposo pode levar ao desenvolvimento de inflamação nas vias aéreas e, como consequência deste processo, à asma. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a asma atinge cerca de 235 milhões de pessoas em todo o planeta. Só no Brasil, a doença afeta aproximadamente 20% das crianças e adolescentes.

Ainda de acordo com a OMS, este ano o número de adultos com sobrepeso deve chegar a 2,3 bilhões e com mais de 700 milhões de indivíduos com obesidade. O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderá alcançar 75 milhões.

Diferentes hipóteses envolvendo fatores genéticos, ambientais, nutricionais, tipo de microbiota, estilos de vida entre outros procuram explicar a relação entre asma e obesidade. Embora a chamada “asma-obesa” apresente algumas características específicas, até o momento, não há um mecanismo único que seja dominante, uma vez que estes fatores podem atuar em diferentes estágios do desenvolvimento do indivíduo, desde o período pré-natal até a idade adulta. O desafio é entender como a obesidade influencia a asma e vice-versa.

Estudos de metanálise envolvendo dezenas de milhares de pacientes, inclusive brasileiros, de diferentes faixas etárias, demonstraram que aqueles com sobrepeso e obesidade apresentaram respectivamente 25% e 50% mais chance de ter asma. Em função da alta prevalência do excesso de peso na população mundial é possível dimensionar o seu impacto sobre o desenvolvimento ou piora da asma.

Pacientes adultos podem requerer mais atenção, principalmente em relação à gravidade do quadro clínico e resposta ao tratamento. Certas substâncias produzidas pelas células do tecido adiposo (adipócitos) foram associadas com uma diminuição da função pulmonar e uma inflamação nas vias aéreas do tipo neutrofílica (“asma não alérgica”), especialmente nos casos mais graves de asma. Este tipo de inflamação difere do padrão encontrado na asma alérgica clássica, causada por aeroalérgenos da poeira doméstica como os ácaros, pelos de animais e fungos. 

De um modo geral, os neutrófilos são mais resistentes aos corticoides, fazendo com que pacientes com obesidade e asma sejam menos sensíveis ao tratamento com estes medicamentos, considerados de primeira linha para manutenção e controle dos sintomas da asma.

Criança com obesidade e asma – A maioria das crianças que tem obesidade com asma é constituída por alérgicos com padrão inflamatório pulmonar eosinofílico, característico da asma “alérgica”, típico da infância. Nestes casos, a maioria dos pacientes desenvolveu obesidade posteriormente, complicando uma asma pré-existente e são bons respondedores à terapia convencional com corticoides inalatórios.    

Recomendações para melhor qualidade de vida – Em primeiro lugar consultar o alergista para um diagnóstico preciso. Atividade física pode contribuir na redução do peso, o que está associada à diminuição dos sintomas e da gravidade da asma, além de melhorar a função pulmonar e a resposta ao tratamento da asma.

Juntamente com a terapêutica adequada, dieta e atividades físicas são os pilares do tratamento da asma nestes pacientes. Estudos mostram que, isoladamente, o exercício aumenta a capacidade aeróbica, melhora o controle dos sintomas de asma e, consequentemente, a qualidade de vida.

Embora seja uma agenda aparentemente “fácil” de cumprir, na prática sabemos das dificuldades de implementar tais   medidas. Por esta razão, o ideal é que sempre que possível o paciente com asma e obesidade seja assistido por uma equipe multidisciplinar constituída minimamente pelo médico especialista, nutricionista e profissional de educação física.