Imunoterapia em tempos de COVID-19

Imunoterapia em  tempos de COVID-19

Imunoterapia em tempos de COVID-19

POSICIONAMENTO SOBRE O MANEJO DA IMUNOTERAPIA ESPECÍFICA COM ALÉRGENOS (ITA) EM PACIENTES VACINADOS CONTRA COVID-19

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou, recentemente, dois imunizantes contra a COVID-19 para utilização em nosso país, via Plano Nacional de Imunizações. Este novo cenário faz com que seja necessário posicionamento sobre o manejo da imunoterapia específica com alérgenos (ITA) em pacientes submetidos a imunização contra COVID-19. Existem poucos dados em relação ao emprego da ITA em pacientes vacinados contra COVID-19 e até o momento, não há um posicionamento oficial das sociedades internacionais da área de Alergia e Imunologia Clínica.

O Ministério da Saúde preconiza o intervalo de duas semanas entre a aplicação de vacinas contra a COVID-19 e as diferentes vacinas do calendário de imunizações, considerando a ausência de estudos de coadministração neste momento. Devemos levar em consideração que a dessensibilização alérgica que caracteriza a ITA, não tem como finalidade induzir resposta contra um novo antígeno; sendo o mecanismo de ação da ITA baseado na regulação da resposta imunológica alérgeno-específica já existente, induzindo a tolerância imunológica. A administração da ITA, seja por via subcutânea (ITSC) ou por via sublingual (ITSL), conceitualmente, não interfere na indução da resposta vacinal, visto que atuam por mecanismo de ação diferente do que ocorre na imunoprofilaxia para doenças infecciosas. Entretanto, estudos são necessários para melhor avaliar esta questão.

A aplicação de ITSC, embora apresente alto padrão de segurança, pode causar reações no local da aplicação e efeitos adversos sistêmicos tais como coriza, prurido nasal, dentre outros, que podem ser confundidos com eventos adversos dos imunizantes contra COVID-19 e com sinais e sintomas da própria COVID-19. Até que tenhamos mais dados sobre a resposta imune em pacientes que fazem uso de imunoterapia alérgeno-específica e vacinas contra o COVID, recomenda-se intervalo de no mínimo duas semanas entre a aplicação da ITSC e a vacina contra COVID-19. Este posicionamento é válido tanto para o emprego da ITA específica para aeroalérgenos quanto para veneno de himenópteros. Com relação a ITSL, devido a pequena ocorrência de efeitos adversos, orienta-se não suspender ou postergar o tratamento em virtude da administração da vacina contra COVID-19.

Departamento Científico de Imunoterapia da ASBAI
Grupo de Trabalho ASBAI COVID-19