Imunização: adultos também devem ser vacinados

Fake News estão entre os fatores que contribuem na diminuição da cobertura vacinal

Não são só as crianças devem ser vacinadas. A imunização em adultos é muito importante e pode combater as chamadas doenças imunopreviníveis. No momento, a preocupação recai para os surtos de doenças como o sarampo e a febre amarela, mas não se pode esquecer também de doenças como a gripe por influenza, hepatites virais, entre outras.

O surto de sarampo vem ocorrendo em todo mundo e se intensificou no Brasil, nos estados de Roraima e Amazonas, em 2018. As principais causas que poderiam ser atribuídas a este surto são as baixas coberturas vacinais contra o sarampo nestes estados e a migração de pessoas da Venezuela não imunizadas contra a doença. O sarampo é uma doença fortemente transmissível e, portanto, crianças e adultos vulneráveis podem ser infectadas facilmente.


Mas por que existem municípios no Brasil que não estão alcançando as metas de vacinação?

A Dra. Ana Karolina Barreto Marinho, Coordenadora do Departamento Científico de Imunizações da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), conta que muitas doenças imunopreviníveis deixaram de existir devido as grandes coberturas vacinais nas décadas de 70 e 80. “Os adultos jovens, provavelmente, não presenciaram doenças graves como a poliomielite e pensam que “essas doenças não existem mais”. Portanto, não procuram os postos de vacinação ou clínicas para se vacinar. Precisamos melhorar a maneira de comunicação para conscientizar a população sobre o papel das vacinas”, alerta a especialista.

A médica explica ainda que é mito pensar que adultos não precisam se vacinar. Por falta de informação adequada, os adultos pensam que as vacinas são “coisas de crianças” e uma vez imunizados nunca mais precisarão fazer reforços ou se vacinar contra doenças infecciosas, como o herpes zoster.

Os adultos devem receber as vacinas de acordo com a idade (reforços ou esquema completo), contra o tétano, coqueluche, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), influenza, HPV, hepatite A e B, febre amarela. Vacinas como varicela, meningocócica, pneumocócica e herpes zoster podem ser consideradas a critério médico.

“O calendário vacinal é dinâmico e sofre mudanças de acordo com os surtos das doenças e risco epidemiológico. Podem surgir novas vacinas, mudanças de esquema de doses e reforços com o objetivo de levar proteção não apenas as crianças, mas também aos adolescentes, adultos e idosos. Existem calendários especiais para as gestantes, viajantes, atletas e doenças crônicas”, conta a Coordenadora da ASBAI.

O sistema Imune é composto por vários tipos de células de defesa que irão produzir os anticorpos protetores contra as doenças infecciosas. As vacinas irão estimular o nosso sistema imunológico a produzir tais anticorpos contra alguns patógenos. Em uma exposição futura a tais agentes infecciosos, as células de defesa estarão prontas (memória imunológica) para combatê-los evitando as doenças.

“Os movimentos anti-vacinas não têm fundamento científico e baseiam-se em descrições incoerentes não comprovadas e nem reconhecidas pela comunidade científica. O movimento aliado às ´fake news´ podem contribuir para a queda de coberturas vacinais em alguns países levando a ocorrência de novos surtos de doenças. Segundo a OMS, mais de 41.000 pessoas foram infectadas pelo sarampo na Europa somente em 2018 e vários óbitos ocorreram. Não podemos deixar que esta situação se espalhe pelo Brasil”, comenta a especialista da ASBAI.

O Ministério da Saúde disponibiliza um número de WhatsApp gratuito para qualquer cidadão denunciar ou comprovar se a informação é falsa: (61) 99289-4640.