Imunodeficiências

1 – O que são imunodeficiências primárias?
As imunodeficiências primárias são um grupo de doenças congênitas, bem diferentes umas das outras, que têm em comum o fato de afetarem o funcionamento do sistema imunológico. Diferem de muitas doenças adquiridas que afetam o sistema imunológico (a mais conhecida delas a AIDS), pois são determinadas por alterações genéticas.

2 – As imunodeficiências são doenças raras?
Tratando-se de um grupo de diferentes doenças, a frequência com que acontecem também varia muito. O defeito mais comum e mais leve que é a deficiência seletiva de IgA, que pode ocorrer em 1 a cada 500 indivíduos. Por outro lado, há defeitos que estima-se que aconteçam em uma a cada 100 mil pessoas, enquadrando-se no grupo de doenças raras. Na verdade, a frequência com que acontecem estas doenças não é conhecida com exatidão, pois, por desconhecimento dos profissionais de saúde e da população em geral, a maioria dos casos não são diagnosticados.

3 – Meu filho, desde que entrou para creche, aos 6 meses, está constantemente resfriado. Isto é um problema de imunidade?
Em geral, isto não significa nenhum problema sério de imunidade. Crianças pequenas não apresentam ainda um sistema imunológico totalmente amadurecido, sendo, por isso, mais suscetíveis a infecções, particularmente a infecções virais do trato respiratório. Além disto, o contato com outras crianças em creches e pré-escolas aumenta bastante o risco de infecções das mais variadas.

4 – Existe alguma medicação que melhore a imunidade de crianças que frequentam creches?
Infelizmente, até o presente momento, os muitos estudos realizados não conseguiram identificar nenhuma medicação que efetivamente possa acelerar ou tratar a imaturidade imunológica que é característica das crianças de baixa idade.

5 – Crianças que apresentam muitos resfriados devem ser afastados da creche?
Em algumas situações em que as infecções estejam sendo muito frequentes, com repercussões no crescimento ou até mesmo no desenvolvimento da criança, pode ser interessante afastá-la temporariamente.  

6 – Crianças com imunodeficiência primária podem frequentar creche?
Depende da gravidade da imunodeficiência que o paciente apresenta e se este paciente encontra-se em tratamento. Estas situações devem ser definidas pelo médico assistente, variando bastante de caso a caso.

7 – É possível descobrir uma imunodeficiência primária na idade adulta?
Sim. Algumas imunodeficiências podem iniciar sintomas na idade adulta, principalmente a Imunodeficiência Comum Variável, que é um defeito de produção de anticorpos.

8- Quais são os sintomas das imunodeficiências primárias?
Estas doenças afetam o funcionamento do sistema imunológico que tem como principais funções nos defender de microrganismos, assim como vigiar e controlar o aparecimento de células tumorais, além de vigiar e controlar células e anticorpos que podem agredir nosso organismo.
Por isso, problemas no sistema imunológico se manifestam como infecções que acontecem de forma recorrente ou infecções com maior gravidade em relação as que acontecem com pessoas saudáveis, ou ainda infecções por germes não comuns, assim como diferentes tipos de câncer e manifestações de autoimunidade (agressões ao nosso próprio organismo).
Existe um grupo raro de imunodeficiências que acomete um setor do sistema imunológico denominado de Sistema do Complemento, em que as manifestações mais comuns são edemas (inchaços) recorrentes em vários locais do corpo e dor abdominal, e chamado de Angioedema Hereditário.

9 – Como se faz o diagnóstico das imunodeficiências?
O diagnóstico deste grupo de doenças é feito com exames de sangue desde os mais simples, como um hemograma (contagem de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas do sangue), até os mais complexos, utilizando sequenciamento genético (estudo do DNA).
Os exames que mais comumente são necessários são dosagens no sangue de anticorpos e de células chamadas linfócitos.

10 – Pessoas com alergia respiratória (asma e rinite) tem mais infecções?
Sim. Pessoas com Rinite e Asma costumam apresentar mais infecções respiratórias como otites, sinusites e pneumonias, principalmente se não estiverem sendo tratadas corretamente. Em geral, estes pacientes não apresentam problemas de imunidade, entretanto sabemos que a deficiência seletiva de IgA é mais comum em pacientes com alergia respiratória.

11 – Pessoas com dermatite atópica tem mais infecções?
Sim, principalmente infecções de pele por uma bactéria chamada estafilococo, e por alguns vírus (molusco contagioso e herpes).

 

12 – O uso frequente de antibióticos baixa a imunidade?
Não. O uso frequente de antibióticos pode modificar nossa flora, ou seja, a população de germes que normalmente habitam em nosso tubo digestivo, no trato respiratório ou na pele, produzindo diarreia, por exemplo, mas não compromete o funcionamento de nosso sistema imunológico.
Entretanto, quando acontecem infecções que exigem uso de antibiótico com muita frequência, devemos ficar atentos para a possibilidade de haver algum defeito imunológico.

13 – Qual o tratamento para as imunodeficiências?
Há diferentes recursos terapêuticos aplicáveis nas diferentes doenças que compõem o grupo, dentre os quais podemos destacar a reposição de imunoglobulina humana e outros imunobiológicos, o uso de antibióticos preventivos e o transplante de células hematopoioéticas (medula óssea ou cordão umbilical).

14 – Pacientes com imunodeficiências podem ser vacinados?
No geral, estes pacientes não devem receber vacinas de microrganismos vivos e atenuados (vivos, mas não tão agressivos), que são as seguintes: BCG, anti-polio oral, tríplice viral (MMR), varicela (catapora), rotavírus, febre amarela, zoster.
É importante lembrar que as pessoas que moram na mesma residência que estes pacientes também não devem receber algumas destas vacinas, em especial a anti-polio oral e, por outro lado, devem ter sempre sua vacinação em dia, incluindo algumas vacinas especiais (influenza, por exemplo), de modo a evitar algumas infecções que podem ser transmitidas aos pacientes imunodeficientes.

15- Reações a vacinas podem ser um sintoma de imunodeficiência?

Sim. Reações a vacinas de microrganismos vivos e atenuados, principalmente a BCG, podem ser um sinal de alerta para um defeito de imunidade.

16 – Pacientes que recebem imunoglobulina humana devem ou podem ser vacinados?
Com a reposição de imunoglobulina humana, o paciente recebe anticorpos de muitos doadores contra muitas infecções. Deste modo, muitas vacinas deixam de ser necessárias ou, quando aplicadas, não são eficazes.
Entretanto, a imunoglobulina humana que os pacientes recebem pode não ser muito rica em anticorpos para o vírus da gripe ou para pneumococos. Por isso, em alguns pacientes, principalmente naqueles com defeitos que acometem a produção de anticorpos, tem-se recomentado a vacinação com vacina anti-influenza e com vacina anti-pneumocócica.